quarta-feira, 30 de março de 2011

"Militante Cristão ou Cristão Militante?"


Ultimamente, olhando à minha volta, para o meio em que estou inserido e para as realidades a que estou ligado, e concretamente para o movimento da Juventude Operária Católica, fico com a sensação que urge uma grande reflexão acerca da nossa missão hoje na Igreja e na Sociedade. Nesse sentido, transcrevo algumas dessas reflexões soltas e desconexas, embora para mim muito importantes, que me pode, nos pode, levar a tomar consciência daquilo a que somos chamados.

Vivendo no mundo e devendo santificar-se nele, os jovens antes de mais, têm de se relacionar com ele, recusando o papel de simples observadores, ao contrario, assumindo, não a meia, senão integralmente, o papel de ativa intervenção nos esforços pela construção de uma sociedade mais habitável, mais humana, mais solidaria. Os jovens leigos, tal como o clero, não são apenas responsáveis pelo processo dos fins da Igreja e do bem da sociedade. Jesus chama e envia. Mais, chama para enviar. Isto é, a Igreja, toda a igreja é apostólica, é enviada… Eu sinto-me Apostólico, isto é enviado? É necessário descentrar-se, viver em função do outro, pois ser cristão é ser com outros, ser pelos outros e sobretudo ser para os outros…

Uma pergunta retórica que me tem surgido ultimamente: Eu sou militante cristão ou jovem cristão militante? Diz-nos Cardijn: “Entendemos por Militante, alguém que em primeiro lugar e antes de tudo, em toda a sua vida de jovem trabalhador, se conquista a si mesmo, e conquista os outros para a sua vocação eterna e temporal.” Qual é depois o entendimento acerca da militância?

Descendo ao real e deixando para trás perguntas retoricas, partilho convosco uma pequena historia que na sua simplicidade nos pode ajudar a refletir acerca do aprofundamento e crescimento do nosso ser cristão militante de hoje:

“O menino olhava para a avó que escrevia uma carta. A certa altura perguntou: - Avó, estas escrever uma história que aconteceu connosco? E, por acaso, é alguma história sobre mim?

A avó parou de escrever, sorriu, e comentou com o neto: - Estou a escrever sobre ti, é verdade. No entanto, mais importante do que as palavras, é o lápis com que escrevo. Gostaria que tu fosses como ele quando crescesses. O menino olhou para o lápis e não viu nada de especial. - Mas esse lápis é igual a todos os outros lápis que vi em toda a minha vida. - Tudo depende do modo como a gente olha para as coisas. Há cinco qualidades neste lápis que, se tu conseguires desenvolver, estarás sempre em paz com o mundo:

Primeira qualidade: Tu podes fazer grandes coisas, contudo nunca deves esquecer que existe uma mão que guia os teus passos. A esta mão, nos chamamos Deus. E Ele te conduzirá sempre na direção da sua vontade.

Segunda qualidade: De vez em quando, eu preciso de parar o que estou a escrever para afiar o lápis. Isso faz com que o lápis sofra um pouco, no entanto, no final, ele estará afiado. Portanto, tens de saber suportar algumas dores, porque elas te farão uma pessoa melhor.

Terceira qualidade: O lápis permite sempre que eu use uma borracha para apagar aquilo que estava errado. Entende que corrigir uma coisa que fizeste menos bem não é necessariamente algo mau, mas algo importante para te manteres no caminho da justiça.

Quarta qualidade: O que realmente importa no lápis não é a madeira ou a sua forma exterior, porém a grafite que está dentro. Portanto cuida sempre daquilo que acontece dentro de ti.

Finalmente, a quinta qualidade: o lápis deixa sempre uma marca. Da mesma maneira, toma consciência de que tudo quanto fizeres na tua vida, irá deixando traços. Por isso, procura estar consciente de cada um dos teus atos.”

De Juventude Operária (edição: Fevereiro / Março 2011), por Pe. Maunel Carlos

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