terça-feira, 24 de maio de 2011

Como se gere o tempo no resto do mundo!

"Em contexto internacional a forma como se encara a passagem do tempo adquire enorme importância, isto porque a cultura de origem e a do país que se visita pode ser antagónica.



É muito interessante analisar as diferenças que existem no mesmo continente e até em países geograficamente próximos, veja-se o caso da Alemanha, da Suíça e da Itália. No mesmo hemisfério, a situação repete-se: as diversidades de comportamento face ao tempo entre o México e os Estados Unidos da América são inúmeras.



No âmbito de uma viagem, de um encontro ou no decurso de um negócio não é acertado ignorar a importância que o interlocutor deposita no tema. É sabido, genericamente, que existem vários comportamentos face à forma como tempo é usado e até vivido. Há culturas que têm uma visão linear do conceito e o priorizam, são designadas de monocrónicas. Por outro lado, temos as que são mais flexíveis, as policrónicas. E ainda surgem aquelas em que o tempo é circular.

Por isso se a sua organização pensa desenvolver um projecto em África, onde pretende ter na mesma equipa um chinês, um italiano, um alemão, um português e um japonês… o projecto pode sofrer vários reveses.

Para as culturas monocrónicas (exemplo Alemanha, Áustria, Estados Unidos da América, países Escandinavos, Suíça e Reino Unido), o tempo é precioso e não pode ser desperdiçado. Estes povos têm uma verdadeira obsessão pelo controlo das horas e da agenda de trabalho (atitude que lhes transmite segurança) e consequentemente detestam atrasos. A ordem de trabalhos é para ser cumprida e de forma sequencial. E, muito importante, o trabalho e a família não se misturam.

Ao contrário, nas culturas em que o tempo é flexível há ainda a característica de estarem focadas no presente e não no futuro, como os anteriores. Estes povos não apreciam o controlo do tempo, desempenham várias actividades em simultâneo e, com relativa frequência, as relações pessoais tendem a captar muita da atenção do indivíduo – particularidade marcante, por exemplo, na América Latina.

Claro que, quem implementa como estilo de vida uma atitude “elástica” do tempo, considera tedioso quem vive focado no cumprimento de horários e de prazos! Em que grupo nós, portugueses, nos inserimos? A grande maioria é policrónica mas não estamos sozinhos, acompanha-nos a vizinha Espanha, a Itália, a Grécia, os países Árabes e grande parte dos Sul-americanos.

Por fim, as culturas que encaram o tempo como cíclico: os povos africanos, alguns asiáticos e as culturas nativas americanas. O homem não tem controlo sobre o tempo, quem o controla é o ciclo da vida. Acreditam que a lógica não é linear - causa e efeito.

As transacções processam-se de forma diferente e a tomada de decisão não só não é imediata (EUA) como, também, não é feita de forma isolada. Precisam de tempo para reflectir antes de se comprometerem.

Outra curiosidade particularmente importante é o facto de algumas destas culturas terem uma preocupação efectiva com a pontualidade, por questões de educação.

Ao negociar/trabalhar noutros países é indispensável uma preparação prévia sobre vários aspectos que integram essa(s) sociedade(s), caso contrário, corre-se o risco de fazer investimentos infrutíferos."

Susana de Salazar Casanova



in Crónicas da revista Sábado

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