sábado, 15 de setembro de 2012

JOC: tomada de decisão sobre medidas de austeridade

A JOC – Juventude Operária Católica – está profundamente chocada com as novas medidas de austeridade que o Governo pretende aplicar em 2013.

Estamos absolutamente convictos de que a resposta para a grave conjuntura económico-social do país passa pela promoção do crescimento e não, como se tem insistido, por mais austeridade injusta e desonesta. Analisando as medidas em questão, conseguimos apenas perceber consequências negativas:

> A diminuição dos salários conduzirá ao empobrecimento da população que, por sua vez, provocará a falência de mais empresas e o aumento do desemprego, cuja taxa é já de 15,7% a nível geral e de 36,4% para os mais jovens. Perante esta realidade não há compreensão possível para estas propostas, sobretudo quando o próprio salário mínimo, já por si desajustado à realidade do país, sofrerá também uma redução.

> Relativamente ao aumento dos descontos para a segurança social, caso estivéssemos de olhos e ouvidos bem tapados, até poderíamos acreditar que seria uma solução para salvar o sistema de segurança social nacional, no entanto é bem claro que o valor adquirido por este meio terá como finalidade o pagamento da dívida provocada pela governação, administração e gestão pública danosa de anos, baseada na lei do interesse próprio e da corrupção.

> Com as medidas que afetam os FALSOS trabalhadores independentes ou “Recibos Verdes” (condição de trabalho, já por si, completamente precária e intolerável para quem quer um país saudável e em crescimento), nomeadamente o aumento previsto dos descontos para a segurança social, os jovens irão ver as suas vidas andar, ainda mais, para trás. Se aos jovens de hoje é negada a planificação e construção do seu projeto de vida, que futuro queremos para o nosso país?

A justificação para todo este cenário continua a ser a obediência à Europa e a necessidade de ficarmos “bem vistos” perante o mundo. Jesus Cristo disse-nos um dia: “Ai de vós que estais agora fartos” e “ai de vós quando todos vos elogiarem” (Lc 6, 25-26). Pois também hoje nós dizemos, ai de nós se só queremos que os de fora digam bem de nós e nos esquecemos de cuidar daquilo que é o essencial, tal como está a acontecer. Por mais importante que seja a causa da União Europeia, há valores supremos que devem estar bem presentes e ocupar o seu devido lugar, nomeadamente o valor da dignidade humana, do respeito, do amor por todos e sobretudo pelos mais pobres e fragilizados. A este propósito, é bem claro o estudo da Delloite, recentemente publicado, que mostra precisamente que os trabalhadores que ganham menos poderão perder mais do que os mais bem pagos…

Perante tudo isto, estamos conscientes que, como cristãos, a nossa responsabilidade é imensa, pois sabemos que não é suficiente apregoar o quão injustas, desonestas e revoltantes são estas medidas. É preciso que cada um de nós, como cidadão, assuma uma postura ativa, reivindicativa e construtiva e una esforços com colegas de trabalho, de profissão, de bairro ou de paróquia no sentido de procurar transformações a nível local. É importante também que todos nos sintamos parte da solução e nos mobilizemos a nível nacional e mesmo à escala europeia se for necessário.

Mais do que nunca temos que ter bem presente que o trabalho não é o centro da sociedade, mas apenas um MEIO para a realização pessoal e felicidade do ser humano. A PESSOA, sim, é o centro da humanidade. Joseph Cardijn, o fundador da JOC, proclamava constantemente: “Os Jovens trabalhadores não são bestas de carga, nem máquinas, mas filhos e filhas de Deus!” E acrescentava: “Desgraçado de quem abusar dum trabalhador e de uma trabalhadora: abusa de Deus”.

O Secretariado Nacional da JOC
14 de Setembro de 2012

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